De corte trovadoresco e paralitúrgico, diferencia-se da temática abertamente profana dos trovadores do resto da Europa e da música sacra da época. Trata-Se de um conjunto de 427 composições em homenagem à Virgem Maria. A devoção mariana estava no auge naquele século: frades, clérigos e cavaleiros em geral participavam dela. O rei era em suas cantigas poetas e malabaristas para que dedicassem seus esforços e inspirações para a “Santa Senhora”, e até mesmo Alfonso X montou uma Ordem de cavalaria de Santa Maria de Portugal, a quem dedicou uma cantiga.
Há perguntas a respeito da autoria direta do rei Afonso X, o Sábio (1221-1284), porém ninguém duvida de sua participação como compositor em outras delas, sendo, ao menos, 10 de inegável atribuição ao rei. Uma posição fundamentada numa nota do manuscrito toledano atribui ao respectivo rei a autoria de por volta de 100 cantigas. Airas Nunes se lhe são capazes de impor várias delas. A dúvida da autoria não está resolvida ainda, entretanto com o tempo e as investigações vai crescendo a idéia de participação direta do rei.
Há um total de 427 cantigas, mais uma introdução, em homenagem a Dom Alfonso e 2 prólogos. Os textos, a música e as ilustrações foram preservados em quatro manuscritos. A primeira forma as histórias, 356, em que se compendian de histórias, milagres e relatos relacionados com a Virgem, seja por sua intervenção directa ou os amores místicos que tua figura gerado nas almas piedosas.
A maioria são acompanhadas por 2640 miniaturas muito coloridas, de um virtuosismo poucas vezes igualado, que, por si só, constituem neste instante uma obra de arte incomparável. O segundo são as cantigas puramente líricas ou de louvor, um grupo muito reduzido. São elogios da Virgem ou se referem a festas marianas ou cristológicas. Trata-Se de poemas mais sérios, profundos, quase mística, em que, ao invés de cantar os milagres da Virgem se reflete a respeito de ela, como em uma oração. Todas as cantigas possuem suas melodias e partitura musical.
Esta música, de acordo com o orientalista britânico Julian Ribera é de origem árabe, contudo Higinio Anglés demonstrou que é de origem europeia. A língua das cantigas marianas abandona os esquemas da lírica profana colega e seus paralelos; fornece uma linguagem mais coloquial, com frases e provérbios que ainda sobrevivem na língua galega atual.
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Ainda tem provenzalismos, esses são pequenos que nas cantigas de afeto. Sua métrica é mais variada que a do resto das cantigas: quanto à quantidade dos versos, são entre quatro e dezesseis sílabas. A estrofe mais contínuo é idêntico ao zéjel hispanoárabe e se chama virelay.
Aparecem outras irregularidades rítmicas que se conformam com tudo pra estruturas musicais. Há superior riqueza léxica e mais variedade de registros que nas Cantigas de amigo, e a linguagem é tão aberto que suporta extrangerismos occitanos, galicismos e castellanismos.
O Códice Toledano (To) pertenceu à Catedral de Toledo até 1869, e nesta hora está preservado na Biblioteca Nacional de Madrid (ms. São 160 folhas de pergaminho em duas colunas, em letra francesa do século XIII. Foram transcritas e reproduzidas em 1922 pelo musicólogo Julian Ribera.
O segundo códice (E), o mais rico, se conserva pela Biblioteca do Escorial (códice J. b.2). Contém a introdução, o prefácio e 406 cantigas diferentes, ilustrado com 40 imagens em miniatura, mais a notação musical. Nove cantigas aparecem duas vezes com diferenças geralmente pequenos.